domingo, 4 de dezembro de 2011
Dr. Sócrates (1954-2011)
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Personagem: Ricardo Gumbleton Daunt
Túmulo do Dr. Ricardo G. Daunt, no Cemitério da Saudade, Campinas/SP |
Por: Anna Gicelle Garcia Alaniz
Ricardo Gumbleton Daunt nasceu em Cork, na Irlanda, mais precisamente no Castelo de Kilcascan, de propriedade de seu avô William Daunt, em trinta de agosto de mil oitocentos e dezoito. Era filho primogênito de Richard Gumbleton Daunt e Anna Dixon Raines, de Kirkland. Devido ao sistema de morgadio, sendo o segundo filho de William Daunt, seu pai viu-se excluído da sucessão nos títulos e terras da família, tornando-se capitão do exército inglês. Aos cinco anos, tendo-lhe falecido a mãe, o Dr. Ricardo passou a ser educado pela família desta na Inglaterra.
Suas origens parecem perder-se na noite dos tempos da conquista normanda, mas procuraremos reconstruí-las com base nos dados fornecidos por Estêvão Leão Bourroul[3], Salvador de Moya[4] e Sacramento Blake[5], além daqueles do Livro de Ouro[6] organizado por seu neto homônimo, por ocasião do centenário de seu nascimento. Quando, no ano de 1066, Guilherme atravessou o Canal da Mancha e empreendeu a conquista bem sucedida das Ilhas Britânicas, levou consigo os primeiros Daunt a fixar-se em solo inglês, deixando na Normandia uma parte da família, que grafava-se Dauntre, de modo afrancesado.[7] Ao longo dos anos, através dos casamentos, os Daunt foram ligando-se aos De Tracy, de Toddington, e aos Owlpen, de Gloucester. Participaram de batalhas célebres e estabeleceram alianças sempre próximas aos monarcas reinantes.[8]
Identificação do túmulo |
Residência do Dr. Ricardo, no centro de Campinas/SP |
**Fotos por: Rubão Almeida - 2011
Fonte: Sociedade Brasileira de História da Medicina
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Há 50 anos, Janio Quadros renunciava à presidência da República
O governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio político e social a partir do momento em que adotou uma política econômica austera e uma política externa independente. Na área econômica, o governo se deparou com uma crise financeira aguda devido a intensa inflação, déficit da balança comercial e crescimento da dívida externa. O governo adotou medidas drásticas, restringindo o crédito, congelando os salários e incentivando as exportações.
Mas foi na área da política externa que o presidente Jânio Quadros acirrou os animos da oposição ao seu governo. Jânio nomeou para o ministério das Relações Exteriores Afonso Arinos, que se encarregou de alterar radicalmente os rumos da política externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar dos países socialistas. O governo brasileiro restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética (URSS).
As atitudes menores também tiveram grande impacto, como as condecorações oferecidas pessoalmente por Jânio ao guerrilheiro revolucionário Ernesto "Che" Guevara (condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul) e ao cosmonáuta soviético Yuri Gagarin, além da vinda ao Brasil do ditador cubano Fidel Castro.
Independência e isolamento
De acordo com estudiosos do período, o presidente Jânio Quadros esperava que a política externa de seu governo se traduzisse na ampliação do mercado consumidor externo dos produtos brasileiros, por meio de acordos diplomáticos e comerciais.
Porém, a condução da política externa independente desagradou o governo norte-americano e, internamente, recebeu pesadas críticas do partido a que Jânio estava vinculado, a UDN, sofrendo também veemente oposição das elites conservadoras e dos militares.
Ao completar sete meses de mandato presidencial, o governo de Jânio Quadros ficou isolado politica e socialmente. Jânio Quadros renunciou a 25 de agosto de 1961.
Política teatral
Especula-se que a renúncia foi mais um dos atos espetaculares característicos do estilo de Jânio. Com ela, o presidente petenderia causar uma grande comoção popular, e o Congresso seria forçado a pedir seu retorno ao governo, o que lhe daria grandes poderes sobre o Legislativo. Não foi o que aconteceu, porém. A renúncia foi aceita e a população se manteve indiferente.
Vale lembrar que as atitudes teatrais eram usadas politicamente por Jânio antes mesmo de chegar à presidência. Em comícios, ele jogava pó sobre os ombros para simular caspa, de modo a parecer um "homem do povo". Também tirava do bolso sanduíches de mortadela e os comia em público. No poder, proibiu as brigas de galo e o uso de lança-perfume, criando polêmicas com questões menores, que o mantinham sempre em evidência, como um presidente preocupado com o dia-a-dia do brasileiro.
* Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais, é autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: Gênese e Atuação Política -1972-1985".
Fonte: UOL
domingo, 3 de julho de 2011
Quatro décadas sem Jim Morrison
Javier Albisu
Paris, 2 jul (EFE) - Quatro décadas após sua morte em Paris, aos 27 anos, o magnetismo do mistério segue em torno da figura de Jim Morrison, o poeta que liderou o The Doors e que se tornou um ícone de uma geração.
O rastro dos últimos passos de Morrison - que morreu com a mesma idade de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones e Kurt Cobain - deixou Paris repleta de lugares venerados por fãs incondicionais a cada 3 de julho. [...]
Porém, existem outros pontos da Cidade Luz que zelam pela memória do rapaz tímido e excêntrico que levou às rádios de todo o mundo o rock psicodélico de temas como "The End", "Break On Through" ou "Touch Me".
Protegidos por uma cerca metálica na divisão 6 do cemitério Père-Lachaise, os restos mortais de James Douglas Morrison (1943-1971) jazem sob uma lápide que nunca fica sem flores e onde um epitáfio reza: "Kata ton daimona eaytoy" (Fiel a seu próprio espírito).
Lá se reúnem adeptos, que frequentemente declamam poemas, tiram fotografias ou colocam garrafas de bourbon junto à célebre lápide, muito mais frequentada que as do escritor Oscar Wilde, a soprano Maria Callas ou do compositor Frédéric Chopin, que ficam próximas. [...]
Um dos maiores marcos relacionados a Morrison em Paris é o número 17 da rue de Beautreillis, um imóvel haussmaniano de cinco andares próximo à Praça dos Vosgos.
Trata-se do último lugar onde ele viveu durante seus quatro meses de residência na cidade, e onde foi declarado morto por parada cardíaca, embora seu corpo nunca tenha passado por necrópsia, o que gerou inúmeras teorias sobre sua morte.
Sam Bernet, autor de vários livros sobre o The Doors e proprietário do extinto clube Rock'n Roll Circus, sustenta que Morrison faleceu em seu bar, e que ele mesmo foi um dos que o levaram da discoteca até sua casa.
"Eu estava entre as três pessoas que o encontraram morto nos fundos da discoteca", afirmou Bernet, que garantiu que um cliente e um médico "constataram a morte por overdose" de heroína.
Há também quem suspeite que Morrison nunca morreu, e os que acham que seu pai, um militar, tirou seu corpo do sepulcro parisiense e o repatriou aos Estados Unidos clandestinamente. [...]
"O Rei Lagarto" chegou em Paris em março de 1971 acima do peso e alcoolatra, para se concentrar em sua poesia. Era um Morrison distante do jovem sensual e provocador que pouco tempo antes se destacava nos palcos com suas improvisações. [...]
Um ano antes de chegar à França, Morrison tinha sido condenado por conduta lasciva e libidinosa durante um show em Miami, embora tenha evitado a prisão com apelações e após pagar fiança de US$ 50 mil.
O universo do rock havia sofrido na época um duro abalo com as mortes quase consecutivas de Jimi Hendrix e de Janis Joplin, e "Jimbo" se refugiou em Paris com sua namorada Pamela Courson, que pouco depois o encontraria morto em sua banheira. [...]
quinta-feira, 19 de maio de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Bob Marley, o reggaeman que partiu há 30 anos
Pouco antes de sua morte, Bob Marley foi premiado com a Ordem ao Mérito Jamaicana. Ele queria passar seus últimos dias em sua terra natal, mas, seu estado de saúde piorou durante o vôo de volta da Alemanha e Marley foi internado em Miami. Ele faleceu no hospital Cedars of Lebanon no dia 11 de maio de 1981 em Miami, Flórida, aos 36 anos.
Seu funeral na Jamaica foi uma cerimônia digna de chefes de estado, com elementos combinados da Igreja Ortodoxa da Etiópia e do Rastafari. Ele foi sepultado em uma capela em Nine Mile, perto de sua cidade natal, junto com sua guitarra favorita, uma Fender Stratocaster vermelha.
"Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos." - Bob MarleyAbaixo uma das diversas pérolas deixadas pelo Bob Marley.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Sabe com quem você está falando?
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Sepultura e Orquestra Experimental
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Há 10 anos, morria Joey Ramone
sábado, 9 de abril de 2011
Genocídio lança novo clipe da música The Clan
domingo, 3 de abril de 2011
Foo Fighters disponibiliza novo álbum para audição
Wasting Light by Foo Fighters
quarta-feira, 30 de março de 2011
Jair Bolsonaro, o deputado racista
segunda-feira, 21 de março de 2011
Entrevista com Casey Heynes, o garoto Zangief
quinta-feira, 17 de março de 2011
Garoto reage a bullying e vira estrela na internet
segunda-feira, 14 de março de 2011
De Deodoro a Dilma: especial do Estadão
quinta-feira, 10 de março de 2011
Decanos Brasileiros: Fábio Konder Comparato
Fonte: Estadão
quarta-feira, 9 de março de 2011
Morre baixista da formação clássica do Alice in Chains
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Erupção solar
Fonte: Uol
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Programa Rádio Manifesto nº 3
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Carta de Michael Moore aos estudantes de Wisconsin
"Caros Estudantes:
Que inspiração, a de vocês, que se uniram aos milhares de estudantes das escolas de Wisconsin e saíram andando das salas de aula há quatro dias e agora estão ocupando o prédio do State Capitol e arredores, em Madison, exigindo que o governador pare de assaltar os professores e outros funcionários públicos!
Tenho de dizer que é das coisas mais entusiasmantes que vi acontecer em anos.
Vivemos hoje um fantástico momento histórico. E aconteceu porque os jovens em todo o mundo decidiram que, para eles, basta. Os jovens estão em rebelião – e é mais que hora!
Vocês, os estudantes, os adultos jovens, do Cairo no Egito, a Madison no Wisconsin, estão começando a erguer a cabeça, tomar as ruas, organizar-se, protestar e recusar a dar um passo de volta para casa, se não forem ouvidos. Totalmente sensacional!!
O poder está tremendo de medo, os adultos maduros e velhos tão convencidos que fizeram um baita trabalho ao calar vocês, distraí-los com quantidades enormes de bobagens até que vocês se sentissem inpotentes, mais uma engrenagem da máquina, mais um tijolo do muro. Alimentaram vocês com quantidades absurdas de propaganda sobre “como o sistema funciona” e mais tantas mentiras sobre o que aconteceu na história, que estou admirado de vocês terem derrotado tamanha quantidade de lixo e estejam afinal vendo as coisas como as coisas são.
Fizeram o que fizeram, na esperança de que vocês ficariam de bico fechado, entrariam na linha e obedeceriam ordens e não sacudiriam o bote. Porque, se agitassem muito, não conseguiriam arranjar um bom emprego! Acabariam na rua, um freak a mais. Disseram que a política é suja e que um homem sozinho nunca faria diferença.
E por alguma razão bela, desconhecida, vocês recusaram-se a ouvir. Talvez porque vocês deram-se conta que nós, os adultos maduros, lhes estamos entregando um mundo cada vez mais miserável, as calotas polares derretidas, salários de fome, guerras e cada vez mais guerras, e planos para empurrá-los para a vida, aos 18 anos, cada um de vocês já carregando a dívida astronômica do custo da formação universitária que vocês terão de pagar ou morrerão tentando pagar.
Como se não bastasse, vocês ouviram os adultos maduros dizer que vocês talvez não consigam casar legalmente com quem escolherem para casar, que o corpo de vocês não pertence a vocês, e que, se um negro chegou à Casa Branca, só pode ter sido falcatrua, porque ele é imigrado ilegal que veio do Quênia.
Sim, pelo que estou vendo, a maioria de vocês rejeitou todo esse lixo. Não esqueçam que foram vocês, os adultos jovens, que elegeram Barack Obama. Primeiro, formaram um exército de voluntários para conseguir a indicação dele como candidato. Depois, foram às urnas em números recordes, em novembro de 2008. Vocês sabem que o único grupo da população branca dos EUA no qual Obama teve maioria de votos foi o dos jovens entre 18 e 29 anos? A maioria de todos os brancos com mais de 29 anos nos EUA votaram em McCain – e Obama foi eleito, mesmo assim!
Como pode ter acontecido? Porque há mais eleitores jovens em todos os grupos étnicos – e eles foram às urnas e, contados os votos, viu-se que haviam derrotado os brancos mais velhos assustados, que simplesmente jamais admitiriam ter no Salão Oval alguém chamado Hussein. Obrigado, aos eleitores jovens dos EUA, por terem operado esse prodígio!
Os adultos jovens, em todos os cantos do mundo, principalmente no Oriente Médio, tomaram as ruas e derrubaram ditaduras. E, isso, sem disparar um único tiro. A coragem deles inspira outros. Vivemos hoje momento de imensa força, nesse instante, uma onda empurrada por adultos jovens está em marcha e não será detida.
Apesar de eu, há muito, já não ser adulto jovem, senti-me tão fortalecido pelos acontecimentos recentes no mundo, que quero também dar uma mão.
Decidi que uma parte da minha página na Internet será entregue aos estudantes de nível médio para que eles – vocês – tenham meios para falar a milhões de pessoas. Há muito tempo procuro um meio de dar voz aos adolescentes e adultos jovens, que não têm espaço na mídia-empresa. Por que a opinião dos adolescentes e adultos jovens é considerada menos válida, na mídia-empresa, que a opinião dos adultos maduros e velhos?
Nas escolas de segundo grau em todos os EUA, os alunos têm ideias de como melhorar as coisas e questionam o que veem – e todas essas vozes e pensamentos são ou silenciadas ou ignoradas. Quantas vezes, nas escolas, o corpo de alunos é absolutamente ignorado? Quantos estudantes tentam falar, levantar-se em defesa de uma ou outra ideia, tentar consertar uma coisa ou outra – e sempre acabam sendo vozes ignoradas pelos que estão no poder ou pelos outros alunos?
Muitas vezes vi, ao longo dos anos, alunos que tentam participar no processo democrático, e logo ouvem que colégios não são democracias e que alunos não têm direitos (mesmo depois de a Suprema Corte ter declarado que nenhum aluno ou aluna perde seus direitos civis “ao adentrar o prédio da escola”).
Sempre fico abismado ao ver o quanto os adultos maduros e velhos falam aos jovens sobre a grande “democracia” dos EUA. E depois, quando os estudantes querem participar daquela “democracia”, sempre aparece alguém para lembrá-los de que não são cidadãos plenos e que devem comportar-se, mais ou menos, como servos semi-incapazes. Não surpreende que tantos jovens, quando se tornam adultos maduros, não se interessem por participar do sistema político – porque foram ensinados pelo exemplo, ao longo de 12 anos da vida, que são incompetentes para emitir opiniões em todos os assuntos que os afetam.
Gostamos de dizer que há nos EUA essa grande “imprensa livre”. Mas que liberdade há para produzir jornais de escolas de segundo grau? Quem é livre para escrever em jornal ou blog sobre o que bem entender? Muitas vezes recebo matérias escritas por adolescentes, que não puderam ser publicadas em seus jornais de escola. Por que não? Porque alguém teria direito de silenciar e de esconder as opiniões dos adolescentes e adultos jovens nos EUA?
Em outros países, é diferente. Na Áustria, no Brasil, na Nicarágua, a idade mínima para votar é 16 anos. Na França, os estudantes conseguem parar o país, simplesmente saindo das escolas e marchando pelas ruas.
Mas aqui, nos EUA, os jovens são mandados obedecer, sentar e deixar que os adultos maduros e velhos comandem o show.
Vamos mudar isso! Estou abrindo, na minha página, um “JORNAL DA ESCOLA” [orig. "HIGH SCHOOL NEWSPAPER", em http://mikeshighschoolnews.com/].
Pedi que minha sobrinha Molly, de 17 anos, dê o pontapé inicial e cuide da página pelos primeiros seis meses. Ela vai escrever e pedir que vocês mandem suas histórias e ideias e selecionará várias para publicar em MichaelMoore.com. Ali estará a plataforma que vocês merecem. É uma honra para mim que se manifestem na minha página e espero que todos aproveitem.
Dizem que vocês são “o futuro”. O futuro é hoje, aqui mesmo, já. Vocês já provaram que podem mudar o mundo. Aguentem firmes. É uma honra poder dar uma mão."
Tradução: Vila Vudu
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Cavalera Conspiracy coloca faixa título do novo álbum para audição
CD:
01. Warlord
02. Torture
03. Lynch Mob
04. Killing Inside
05. Thrasher
06. I Speak Hate
07. Target
08. Genghis Khan
09. Burn Waco
10. Rasputin
11. Blunt Force Trauma
12. Psychosomatic *
13. Jihad Joe *
14. Electric Funeral *
* Bonus tracks
DVD - Live at Les Eurockéennes Festival, Belfort, France - July 5, 2008 (except *):
01. Inflikted
02. Sanctuary
03. Territory
04. Terrorize
05. The Doom Of All Fires
06. Inner Self/Nevertrust
07. Arise/Dead Embryonic Cells
08. Desperate Cry/Propaganda
09. Wasting Away
10. Black Ark
11. Holiday In Cambodia/Biotech Is Godzilla
12. Hearts Of Darkness
13. Refuse/Resist
14. Troops Of Doom
15. Must Kill
16. Roots Bloody Roots
17. Sanctuary (music video) *
Fonte: Blabbermouth
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
O fim do Guitar Hero e o preço da música
Incrível acreditar que o grande fenômeno dos últimos tempos no ramo dos videogames, o Guitar Hero está saindo do mercado. Eu que acreditava que o jogo seria uma nova maneira de distribuir e armazenar música. Infelizmente não foi bem assim. A Activision, empresa que responsável pelo jogo, anunciou nesta semana o fechamento da divisão que cuidava especificamente do game musical. Pra mim, foi uma grande surpresa, pois bandas como Aerosmith e Metallica tinham acabado de lançar os seus jogos e tudo parecia ir muito bem.
O custo alto da produção, dos equipamentos necessários para se jogar, junto com a aparição de novos jogos com tecnologias diferentes, que usam sensores para captar o movimento do corpo, sem a necessidade de controles, e que causaram uma sensível queda nas vendas, foram citados como justificativas para este súbito fim. Mas o que realmente pesou foram os altos royalties que as bandas e as gravadoras pediam para o uso das músicas no jogo, ou seja, a própria música e sua ala gananciosa fundamentalista, ajudou a acabar com esta pequena revolução na indústria musical.
O Guitar Hero surgiu em 2005 e logo virou uma febre no mundo dos games, não imporatava a idade, todo mundo estava jogando. Verdadeiros virtuoses surgiram no “instrumento”, campeonatos aconteciam pelo mundo e novos “artistas” foram descobertos. A sensação de se sentir um rock star, tocando as guitarras no último volume é irresistível, principalmente para os que não são músicos e nunca chegaram perto de um palco. O GH é realmente uma experiência em tanto. Sem falar na biblioteca musical riquíssima e que constitui numa escola musical do rock para as novas gerações. No GH é possível experimentar um cardápio vasto, de vários estilos, dentro do que é considerado rock and roll, é uma maneira não preconceituosa de se apresentar a música, uma verdadeira aula.
Qual é esse custo que, de tão elevado, pode parar um projeto tão inovador e interessante como o GH? Qual é esse valor? Hoje mesmo, eu recebi um link de uma amiga de Twitter, com uma entrevista do Francis Ford Coppola e num determinado momento ele comenta sobre este aspecto do valor da arte, o quão subjetivo pode ser este conceito. A entrevista foi dada ao site The 99 Percent e com muita experiência e desenvoltura ele fala de seus conceitos e ideias.
Sobre a remuneração de um artista ele polemiza argumentando que “somente há algumas centenas de anos é que os músicos começaram a trabalhar com dinheiro”, sinalizando que a música, ou a arte em geral, é que foi “achada” como negócio e que hoje perdeu todo o seu valor artístico, é somente um produto. Ele acrescenta ainda que artistas como o Metallica, ou qualquer outro mega rock star milionário, não serão possíveis, porque a arte caminha para um futuro onde ela será totalmente grátis. Ele sugere um emprego paralelo, que seria o ganha pão, para deixar a arte totalmente livre, sem depender dos grandes empresários para se fazer os projetos.
Eu até concordo que a ideia de lucro na arte não é uma coisa muito natural, apesar de hoje em dia ser o que move a indústria, mas acho também que o Coppola foi um pouco longe demais. Num mundo ideal, o dinheiro seria supérfulo, mas não vivemos num mundo ideal, longe disso. Quem comanda, dita as regras e a direção a ser seguida é quem tem o dinheiro, grandes empresários que, na sua maioria, não tem contato nenhum com a realidade artística e estão sempre trabalhando com segundas intenções, geralmente políticas marqueteiras.
O fim do Guitar Hero mostra que a arte está perdendo a batalha para o lucro, cada vez mais só se trabalha para conseguir dinheiro, a qualquer custo, deixando a função da música, do teatro, do cinema, da pintura ou da literatura, que é a de elevar a alma, em segundo plano. Como não perder de vez a mágica da arte sem ter que ficar mendigando na rua por um pedaço de pão? Ideologia e realidade não andam sempre juntas.
A classe artística se encontra em um período de transição e incertezas, é um processo difícil mas acredito que no final a arte vai sair fortalecida pois, acabar com ela, como fizeram com o GH, não vai ser tão simples assim.
Play it loud.
Andreas Kisser
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Bandeira de município causa discórdia no MS
De acordo com o pastor a frase é constrangedora aos fiéis que não acreditam em imagens. “O tratamento do município deve ser igual a todas as religiões”, disse ele, que afirma que as autoridades não cumprem o Artigo 19 da Constituição, que trata das questões religiosas. Ele acionou a Defensoria Pública do município para exigir da prefeitura a retirada da frase e prometeu "ir até o Supremo, se for preciso".
Uma defensora Pública é quem está responsável pelo processo que foi aberto em novembro do ano passado. De acordo com Adilson, a primeira audiência acontecerá no mês de março.
Abaixo Assinado
Centenas de assinaturas já foram colhidas em um abaixo assinado movido por lideranças evangélicas com objetivo de retirar o “Ave Maria” do brasão do município. Líderes do movimento esperam colher mais de mil assinaturas.
"Recebemos também o apoio de vários ateus que vivem no município e que defendem a mudança", disse o religioso.
O fato de se tratar de uma inscrição antiga, para o pastor, "não é relevante". "Em eventos dentro da nossa igreja, hastear a bandeira do município é sempre um constrangimento. Aquela frase trata de uma devoção que não é a nossa."
"Quem se irrita com o nome de Maria é o diabo", reagiu, em nota, o Conselho Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Abadia.
O texto, no qual o pastor é chamado de "irmão em Cristo", defende que "proclamar o nome de Maria como na bandeira da cidade não se trata de idolatria."
A defensora pública que recebeu a manifestação dos evangélicos está em férias e não foi encontrada.
Conheça o Art. 19 da Constituição.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Programa Rádio Manifesto nº 2
Faça o download do podcast e ouça o programa quando, onde e quantas vezes você quiser.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Morre aos 58 anos, o guitarrista Gary Moore
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Por que temer o espírito revolucionário árabe?
Slavoj Zizek
A reação ocidental aos levantes no Egito e na Tunísia frequentemente demonstra hipocrisia e cinismo.
O que não pode deixar de saltar aos olhos, nas revoltas na Tunísia e no Egito, é a notável ausência do fundamentalismo islâmico. Na melhor tradição democrática secular, as pessoas simplesmente se revoltaram contra um regime opressivo, sua corrupção e pobreza, e demandaram liberdade e esperança econômica. A sabedoria cínica dos liberais ocidentais - de acordo com os quais, nos países árabes, o genuíno senso democrático é limitado a estreitas elites liberais enquanto que a vasta maioria só pode ser mobilizada através do fundamentalismo religioso ou do nacionalismo - se provou errada.
Quando um novo governo provisório foi nomeado na Tunísia, ele excluiu os islâmicos e a esquerda mais radical. A reação dos liberais presunçosos foi: bom, eles são basicamente a mesma coisa; dois extremos totalitários - mas as coisas são simples assim? O verdadeiro antagonismo de longa data não é precisamente entre islâmicos e a esquerda? Ainda que eles estejam momentaneamente unidos contra o regime, uma vez que se aproximam da vitória, a sua unidade se parte e eles se engajam numa luta mortal, frequentemente mais cruel do que aquela travada contra o inimigo comum.
Nós não testemunhamos precisamente tal luta depois das eleições no Irã? As centenas de milhares de apoiadores de Mousavi lutavam pelo sonho popular que sustentou a revolução de Khomeini: liberdade e justiça. Ainda que esse sonho tenha sido utópico, ele levou a uma explosão de criatividade política e social de tirar o fôlego, experiências de organização e debates entre estudantes e pessoas comuns. Essa abertura genuína, que liberou forças de transformação social então desconhecidas, um momento no qual tudo pareceu possível, foi então gradualmente sufocada pela dominação do controle político e do establishment islâmico.
Mesmo no caso de movimentos claramente fundamentalistas, é preciso ser cuidadoso para não perder de vista o componente social. O Talibã é usualmente apresentado como um grupo fundamentalista islâmico que impõe suas leis pelo terror. No entanto, quando, na primavera de 2009, eles tomaram o Vale de Swat no Paquistão, o The New York Times noticiou que eles arquitetaram "uma revolta de classe que explora profundas fissuras entre um pequeno grupo de ricos donos de terra e seus inquilinos desprovidos de um chão". Se, ao "se aproveitar" dos apuros dos agricultores, o Talibã estava criando, nas palavras do New York Times, "um alerta sobre os riscos ao Paquistão, que permanece sendo largamente feudal", o quê impediu os democratas liberais do Paquistão e dos Estados Unidos de, da mesma forma, "se aproveitarem" desses apuros e de tentarem ajudar os agricultores sem terra? Ocorre de as forças feudais no Paquistão serem aliados naturais da democracia liberal?
A conclusão inevitável a ser delineada é que a ascensão do islamismo radical sempre foi o outro lado do desaparecimento da esquerda secular nos países muçulmanos. Quando o Afeganistão é retratado como sendo o exemplo máximo de um país fundamentalista islâmico, quem ainda se lembra que, há quarenta anos atrás, ele era um país com uma forte tradição secular, incluindo um poderoso partido comunista que havia tomado o poder lá sem dependência da União Soviética? Para onde essa tradição secular foi?
É crucial analisar os eventos em andamento na Tunísia e no Egito (e no Iémen e ... talvez, com esperança, até na Arábia Saudita) em contraste com esse pano de fundo. Se a situação for eventualmente estabilizada de modo ao antigo regime sobreviver, apenas passando por alguma cirurgia cosmética liberal, isso irá gerar um intransponível retrocesso fundamentalista. Para que o legado chave do liberalismo sobreviva, os liberais precisam da ajuda fraternal da esquerda radical. De volta ao Egito, a mais vergonhosa e perigosamente oportunista reação foi aquela de Tony Blair noticiada na CNN: mudança se necessário, mas deverá ser uma mudança estável. Mudança estável no Egito, hoje, só pode significar um compromisso com as forças de Mubarak na forma de ligeiramente alargar o círculo do poder. Este é o motivo pelo qual é uma obscenidade falar em transição pacífica agora: pelo esmagamento da oposição, o próprio Mubarak tornou isso impossível. Depois de Mubarak enviar o exército contra os protestantes, a escolha se tornou clara: ou uma mudança cosmética na qual alguma coisa muda para que tudo continue na mesma, ou uma verdadeira ruptura.
Aqui, portanto, é o momento da verdade: ninguém pode arguir, como no caso da Argélia uma década atrás, que permitir eleições verdadeiramente livres equivale a entregar o poder para fundamentalistas islâmicos. Outra preocupação liberal é de que não existe poder político organizado para tomar o poder caso Mubarak parta. É claro que não existe; Mubarak se assegurou disso ao reduzir a oposição a ornamentos marginais, de forma que o resultado acaba sendo como o título do famoso romance de Agatha Christie, "E Então Não Havia Ninguém". O argumento de Mubarak - é ele ou o caos - é um argumento contra ele.
A hipocrisia dos liberais ocidentais é de tirar o fôlego: eles publicamente defendem a democracia e agora, quando o povo se rebela contra os tiranos em nome de liberdade e justiça seculares, não em nome da religião, eles estão todos profundamente preocupados. Por que aflição, por que não alegria pelo fato de que se está dando uma chance à liberdade? Hoje, mais do que nunca, o antigo lema de Mao Tsé-Tung é pertinente: "Existe um grande caos abaixo do céu - a situação é excelente".
Para onde, então, Mubarak deve ir? Aqui, a resposta também é clara: para Haia. Se existe um líder que merece sentar lá, é ele.
Nota do Tradutor: o título original do livro de Agatha Christie é "And Then There Were None", conhecido aqui no Brasil como "O Caso dos Dez Negrinhos".
Traduzido por: Henrique Abel