Por Andreas Kisser - 11/02/11 - 18h17
Incrível acreditar que o grande fenômeno dos últimos tempos no ramo dos videogames, o Guitar Hero está saindo do mercado. Eu que acreditava que o jogo seria uma nova maneira de distribuir e armazenar música. Infelizmente não foi bem assim. A Activision, empresa que responsável pelo jogo, anunciou nesta semana o fechamento da divisão que cuidava especificamente do game musical. Pra mim, foi uma grande surpresa, pois bandas como Aerosmith e Metallica tinham acabado de lançar os seus jogos e tudo parecia ir muito bem.
O custo alto da produção, dos equipamentos necessários para se jogar, junto com a aparição de novos jogos com tecnologias diferentes, que usam sensores para captar o movimento do corpo, sem a necessidade de controles, e que causaram uma sensível queda nas vendas, foram citados como justificativas para este súbito fim. Mas o que realmente pesou foram os altos royalties que as bandas e as gravadoras pediam para o uso das músicas no jogo, ou seja, a própria música e sua ala gananciosa fundamentalista, ajudou a acabar com esta pequena revolução na indústria musical.
O Guitar Hero surgiu em 2005 e logo virou uma febre no mundo dos games, não imporatava a idade, todo mundo estava jogando. Verdadeiros virtuoses surgiram no “instrumento”, campeonatos aconteciam pelo mundo e novos “artistas” foram descobertos. A sensação de se sentir um rock star, tocando as guitarras no último volume é irresistível, principalmente para os que não são músicos e nunca chegaram perto de um palco. O GH é realmente uma experiência em tanto. Sem falar na biblioteca musical riquíssima e que constitui numa escola musical do rock para as novas gerações. No GH é possível experimentar um cardápio vasto, de vários estilos, dentro do que é considerado rock and roll, é uma maneira não preconceituosa de se apresentar a música, uma verdadeira aula.
Qual é esse custo que, de tão elevado, pode parar um projeto tão inovador e interessante como o GH? Qual é esse valor? Hoje mesmo, eu recebi um link de uma amiga de Twitter, com uma entrevista do Francis Ford Coppola e num determinado momento ele comenta sobre este aspecto do valor da arte, o quão subjetivo pode ser este conceito. A entrevista foi dada ao site The 99 Percent e com muita experiência e desenvoltura ele fala de seus conceitos e ideias.
Sobre a remuneração de um artista ele polemiza argumentando que “somente há algumas centenas de anos é que os músicos começaram a trabalhar com dinheiro”, sinalizando que a música, ou a arte em geral, é que foi “achada” como negócio e que hoje perdeu todo o seu valor artístico, é somente um produto. Ele acrescenta ainda que artistas como o Metallica, ou qualquer outro mega rock star milionário, não serão possíveis, porque a arte caminha para um futuro onde ela será totalmente grátis. Ele sugere um emprego paralelo, que seria o ganha pão, para deixar a arte totalmente livre, sem depender dos grandes empresários para se fazer os projetos.
Eu até concordo que a ideia de lucro na arte não é uma coisa muito natural, apesar de hoje em dia ser o que move a indústria, mas acho também que o Coppola foi um pouco longe demais. Num mundo ideal, o dinheiro seria supérfulo, mas não vivemos num mundo ideal, longe disso. Quem comanda, dita as regras e a direção a ser seguida é quem tem o dinheiro, grandes empresários que, na sua maioria, não tem contato nenhum com a realidade artística e estão sempre trabalhando com segundas intenções, geralmente políticas marqueteiras.
O fim do Guitar Hero mostra que a arte está perdendo a batalha para o lucro, cada vez mais só se trabalha para conseguir dinheiro, a qualquer custo, deixando a função da música, do teatro, do cinema, da pintura ou da literatura, que é a de elevar a alma, em segundo plano. Como não perder de vez a mágica da arte sem ter que ficar mendigando na rua por um pedaço de pão? Ideologia e realidade não andam sempre juntas.
A classe artística se encontra em um período de transição e incertezas, é um processo difícil mas acredito que no final a arte vai sair fortalecida pois, acabar com ela, como fizeram com o GH, não vai ser tão simples assim.
Play it loud.
Andreas Kisser
Incrível acreditar que o grande fenômeno dos últimos tempos no ramo dos videogames, o Guitar Hero está saindo do mercado. Eu que acreditava que o jogo seria uma nova maneira de distribuir e armazenar música. Infelizmente não foi bem assim. A Activision, empresa que responsável pelo jogo, anunciou nesta semana o fechamento da divisão que cuidava especificamente do game musical. Pra mim, foi uma grande surpresa, pois bandas como Aerosmith e Metallica tinham acabado de lançar os seus jogos e tudo parecia ir muito bem.
O custo alto da produção, dos equipamentos necessários para se jogar, junto com a aparição de novos jogos com tecnologias diferentes, que usam sensores para captar o movimento do corpo, sem a necessidade de controles, e que causaram uma sensível queda nas vendas, foram citados como justificativas para este súbito fim. Mas o que realmente pesou foram os altos royalties que as bandas e as gravadoras pediam para o uso das músicas no jogo, ou seja, a própria música e sua ala gananciosa fundamentalista, ajudou a acabar com esta pequena revolução na indústria musical.
O Guitar Hero surgiu em 2005 e logo virou uma febre no mundo dos games, não imporatava a idade, todo mundo estava jogando. Verdadeiros virtuoses surgiram no “instrumento”, campeonatos aconteciam pelo mundo e novos “artistas” foram descobertos. A sensação de se sentir um rock star, tocando as guitarras no último volume é irresistível, principalmente para os que não são músicos e nunca chegaram perto de um palco. O GH é realmente uma experiência em tanto. Sem falar na biblioteca musical riquíssima e que constitui numa escola musical do rock para as novas gerações. No GH é possível experimentar um cardápio vasto, de vários estilos, dentro do que é considerado rock and roll, é uma maneira não preconceituosa de se apresentar a música, uma verdadeira aula.
Qual é esse custo que, de tão elevado, pode parar um projeto tão inovador e interessante como o GH? Qual é esse valor? Hoje mesmo, eu recebi um link de uma amiga de Twitter, com uma entrevista do Francis Ford Coppola e num determinado momento ele comenta sobre este aspecto do valor da arte, o quão subjetivo pode ser este conceito. A entrevista foi dada ao site The 99 Percent e com muita experiência e desenvoltura ele fala de seus conceitos e ideias.
Sobre a remuneração de um artista ele polemiza argumentando que “somente há algumas centenas de anos é que os músicos começaram a trabalhar com dinheiro”, sinalizando que a música, ou a arte em geral, é que foi “achada” como negócio e que hoje perdeu todo o seu valor artístico, é somente um produto. Ele acrescenta ainda que artistas como o Metallica, ou qualquer outro mega rock star milionário, não serão possíveis, porque a arte caminha para um futuro onde ela será totalmente grátis. Ele sugere um emprego paralelo, que seria o ganha pão, para deixar a arte totalmente livre, sem depender dos grandes empresários para se fazer os projetos.
Eu até concordo que a ideia de lucro na arte não é uma coisa muito natural, apesar de hoje em dia ser o que move a indústria, mas acho também que o Coppola foi um pouco longe demais. Num mundo ideal, o dinheiro seria supérfulo, mas não vivemos num mundo ideal, longe disso. Quem comanda, dita as regras e a direção a ser seguida é quem tem o dinheiro, grandes empresários que, na sua maioria, não tem contato nenhum com a realidade artística e estão sempre trabalhando com segundas intenções, geralmente políticas marqueteiras.
O fim do Guitar Hero mostra que a arte está perdendo a batalha para o lucro, cada vez mais só se trabalha para conseguir dinheiro, a qualquer custo, deixando a função da música, do teatro, do cinema, da pintura ou da literatura, que é a de elevar a alma, em segundo plano. Como não perder de vez a mágica da arte sem ter que ficar mendigando na rua por um pedaço de pão? Ideologia e realidade não andam sempre juntas.
A classe artística se encontra em um período de transição e incertezas, é um processo difícil mas acredito que no final a arte vai sair fortalecida pois, acabar com ela, como fizeram com o GH, não vai ser tão simples assim.
Play it loud.
Andreas Kisser
Fonte: Yahoo!
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