sábado, 28 de novembro de 2009

MPF processa Tuma e Maluf por ocultar cadáveres em SP

Paulo Maluf e Romeu Tuma


O Ministério Público Federal em São Paulo ingressou nesta quinta-feira na Justiça Federal com duas ações civis públicas para que sejam responsabilizados agentes públicos da União, Estado e prefeitura por ocultação de cadáveres nos cemitérios de Perus e Vila Formosa. Os cadáveres seriam de opositores do regime militar instaurado no País a partir de 1964.


Entre as autoridades, o MPF recomenda a responsabilização do delegado e hoje senador Romeu Tuma e do ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf. Além deles, do médico legista Harry Shibata, ex-chefe do necrotério do Instituto Médico Legal de São Paulo; , atualmente deputado federal, e Miguel Colasuonno (gestão 1973-1975), e de Fábio Pereira Bueno, diretor do Serviço Funerário Municipal entre 1970 e 1974.


A pena recomendada pelo MPF é de perda de suas funções públicas e/ou aposentadorias. Caso sentenciados, os mandatos atuais de Tuma e Maluf não seriam afetados, pois a Constituição impede a perda de mandato em ações civis públicas. Além das medidas administrativas, o MPF pede a indenização de, no mínimo, 10% do patrimônio pessoal de cada um, revertidos em medidas de memória sobre as violações aos Direitos Humanos ocorridos na Ditadura.


Procurada, a assessoria do deputado Paulo Maluf afirmou que consultaria seus advogados antes de se pronunciar. O gabinete do senador Romeu Tuma afirmou ainda não ter sido comunicado da ação.


Segundo o MPF, desaparecidos políticos foram sepultados nos cemitérios de Perus e Vila Formosa em São Paulo, de forma totalmente ilegal e clandestina, com a participação do Instituto Médico Legal, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e da Prefeitura.


Responsabilidades


Como diretor do Dops, o senador Tuma formalizou prisões feitas ilegalmente pelo Exército brasileiro e fazia inquéritos policiais. No Dops, ocorriam novos interrogatórios, segundo a ação, "em regra sob tortura".


Haveria registros de que pelo menos 36 presos passaram pelo DOPS e há documentos que mostram que Tuma tinha conhecimento de várias mortes ocorridas sob a tutela de policiais, mas não a comunicou a familiares dos mortos, o caso, por exemplo, de Flávio Molina, morto em 1971.


O legista Harry Shibata, por sua vez, teria assinado inúmeros laudos necroscópicos, atestando falsamente causa mortis incompatíveis com os reais motivos dos óbitos de inúmeros militantes políticos, ignorando, muitas vezes, lesões de tortura, casos, por exemplo, de Vladimir Herzog e Sônia Angel Jones.


A maioria dos laudos de Shibata era feita no nome de guerra dos militantes, apesar de o aparato estatal conhecer suas reais identidades. O legista chegou a ter o registro de médico cassado pelo Conselho Federal de Medicina.


Paulo Maluf foi prefeito de São Paulo durante a fase mais grave da repressão, tendo ordenado a construção do cemitério de Perus, projetado especialmente para indigentes e que tinha quadras marcadas especificamente para "terroristas".


Sob a gestão de Colasuonno, o cemitério de Vila Formosa em 1975 foi reurbanizado, destruindo a quadra de indigentes e "terroristas", o que praticamente impossibilita qualquer identificação de militantes naquele local.


Fonte: Portal Terra


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Freddie Mercury e Eric Carr, duas lendas do rock que se foram há 18 anos


Farrokh Bommi Bulsara ficou mais conhecido sob o pseudônimo de Freddie Mercury, nome que o tornaria mundialmente conhecido como o vocalista do Queen, um dos nomes mais marcantes de toda a história do rock.

Nasceu em 05/09/1946, em Stone Town, na ilha de Zanzibar, filho de pais indianos, adeptos do zoroastrismo. Chegou em 1964 na Inglaterra, onde se formou em Design Gráfico e Artístico. Na faculdade, ele conheceu o baixista Tim Staffell. Tim tinha uma banda na faculdade chamada Smile, que tinha Brian May como guitarrista e Roger Taylor como baterista, e levou Freddie para participar dos ensaios.

Em abril de 1970, Tim deixa o grupo e Freddie acaba ficando como vocalista da banda que passa a se chamar Queen. Freddie decide mudar o seu nome para Mercury. Ainda em 1970, ele conheceu Mary Austin, com quem viveu por cinco anos. Foi com ela que assumiu sua orientação sexual (Freddie era bissexual) e os dois mantiveram forte amizade até o fim de sua vida. Mary inspirou Freddie na música Love of My Life, de acordo com declaração do cantor e de seus companheiros de Banda, sendo Mary acima de tudo o verdeiro amor dele.

Freddie Mercury foi o compositor de muitos dos maiores sucessos do Queen, como Bohemian Rhapsody, Somebody to love e We Are The Champions, entre muitas outras. Suas performances ao vivo se tornaram lendárias durante os anos 70 e principalmente nos anos 80, quando o Queen lotava estádios pelo mundo todo. Fora do Queen lançou dois discos solo, muito aclamados pela crítica e pelo público.

Em 1991 surgiram rumores de que estaria com AIDS, devido aos problemas de saúde que começaram a aparecer, sendo que a notícia foi confirmada pelo próprio Freddie em 23 de novembro, um dia antes de sua morte. Na noite do dia 24, Freddie Mercury faleceu de complicações pulmonares, em consequencia da AIDS, em sua própria casa, chamada de Garden Lodge. A casa de Freddie Mercury, passada por testamento à sua ex-namorada, Mary Austin, recebeu muitos buquês de flores na época e continua a receber até hoje.

Seu corpo foi cremado e acredita-se que suas cinzas tenham sido jogadas em um lago em Montreaux, o que siginifica dizer que seus fãs não tem um local onde possam render-lhe as devidas homenagens. Em 25 de novembro de 1992, foi inaugurada uma estátua em sua homenagem, com a presença de Brian May, Roger Taylor, da cantora Montserrat Caballé, Jer e Bomi Bulsara (pais de Freddie) e Kashmira Bulsara (irmã de Freddie), em Montreux, na Suíça, cidade adotada por Freddie como seu segundo lar.

E no mesmo fatídico dia, também nos deixava o grande batera, Eric Carr (12/07/1950 - 24/11/1991). Eric foi substituto de Peter Criss no Kiss em 1980. Muitos dizem que ele foi um dos melhores ou até mesmo o melhor baterista de seu tempo.

Em maio de 1980 participou das audições para a escolha do novo baterista da banda. Competindo com mais de 2000 candidatos, Eric impressionou Gene Simmons, Paul Stanley, Ace Frehley e Peter Criss. Após uma tentativa fracassada de se caracterizar como uma águia, Eric encontrou na raposa, "The Fox" o seu personagem no universo do Kiss. A escolha pela raposa foi feita por Gene, pois, segundo ele, "Eric era astuto como uma raposa".

Seu primeiro lançamento com o Kiss só aconteceu em 1981, no disco "Music From The Elder", que não teve um grande sucesso de vendas, para os padrões da banda. Depois desse disco, Eric esteve em todos os principais discos do Kiss durante os anos 80, até "Hot In The Shade" de 1989. Apesar de ser considerado um dos bateristas mais fantásticos de seu tempo, Eric só pode explorar toda a sua técnica e os recursos de sua bateria de 36 peças em "Creatures of The Night" de 1982, um dos discos mais importantes de toda a carreira do Kiss.

Em abril de 1991, durante as gravações do disco seguinte, Eric foi diagnosticado com um tipo raro de câncer no coração. Operado no mesmo mês, o tumor não regrediu e tomou por completo o coração de Eric, que lutou até novembro, quando entrou em coma pouco antes de morrer, aos 41 anos, no mesmo dia que Freddie Mercury.

Abaixo uma música do Kiss, com a incrível batera de 36 peças de Eric Carr e um clássico do Queen.

Fontes: Whiplash.net, Wikipedia (F.M. / E.C.) e Eric Carr official




sexta-feira, 20 de novembro de 2009

2010 já começa com METALLICA no Brasil


Há 10 anos sem fazer shows no Brasil, o Metallica trará a turnê "World Magnetic Tour" em janeiro de 2010, com shows em Porto Alegre e São Paulo. A turnê faz parte da divulgação do mais recente álbum da banda "Death Magnetic", lançado em 2008, onde o Metallica aparece com um som mais voltado às suas raízes, com riffs de guitarra marcantes e a essência do metal volta em um som mais nervoso. É nesse sentido que o set list do show traz, além das músicas novas, as já clássicas, "Enter Sandman", "One", "Seek & Destroy" e "Master of Puppets".

Tendo ganho o Grammy por oito vezes (1990, 1991, 1992, 1999, 2000, 2001, 2004 e 2009), o Metallica já veio se apresentar no Brasil em três ocasiões memoráveis: em 1989 pela "Damaged Justice Tour", em 1993 na turnê do álbum preto e em 1999 pela tour "The Garage Remains The Same", sendo sempre sucesso de público e crítica, com shows lotados em todas as ocasiões. Abaixo o serviço dos shows e uma música do mais recente disco, Death Magnetic.

Metallica no Brasil:

28/01/2010
- Estádio Zequinha, Porto Alegre/RS

Para o show no Estádio Zequinha, o valor dos ingressos para a pista/arquibancada é de R$ 120,00 (1º lote) e R$ 140,00 (2º lote) e para pista vip é R$ 250,00. O ingresso para cadeira custará R$ 160,00.

Em Porto Alegre, as vendas de ingressos para o público serão abertas dia 03 de dezembro a partir da 0h pela internet (www.ticketmaster.com.br), a partir das 9h pelo Call Center (4003-8282), a partir das 10h nos pontos de venda espalhados pelo País e a partir das 11h na bilheteria oficial do show, localizada na Loja Multisom, Rua dos Andradas, 1001 – Centro.

30/01/2010 - Estádio do Morumbí, São Paulo/SP

Para o show no Morumbi, o valor dos ingressos para a pista é de R$ 250,00 e para a pista vip é R$500,00. Há a opção de cadeira inferior (R$ 250,00) e cadeira superior (R$ 300,00). As arquibancadas do Morumbi também estarão disponíveis nos valores de R$ 150,00 (Arquibancada Laranja), R$ 170,00 (Arquibancada Azul/Vermelha) e R$ 190,00 (Arquibancada Vermelha Especial).

Em São Paulo, as vendas de ingressos para o público serão abertas dia 01 de dezembro a partir da 0h pela internet (www.ticketmaster.com.br), a partir das 9h pelo Call Center 4003-8282, a partir das 10h nos pontos de venda espalhados pelo País www.ticketmaster.com.br/shwPDV.cfm e a partir das 12h na bilheteria oficial do show, localizada no estacionamento anexo do Credicard Hall (Av. das Nações Unidas, 17.981 — Santo Amaro).

Fontes: Whiplash.net, Ticketmaster Brasil e Metallica Official


domingo, 15 de novembro de 2009

Empresa de economia mista não pode aplicar multa de trânsito


11/11/09


O STJ decidiu, por unanimidade, que a Empresa de Transporte de Trânsito de Belo Horizonte não pode aplicar multas multas de trânsito, por ser uma sociedade de economia mista, com fins empresariais. "É temerário afirmar que o trânsito de uma metrópole pode ser considerado atividade econômica ou empreendimento", disse o ministro Herman Benjamin. Decisão abre precedente que pode atingir a Companhia de Engenharia de Tráfego, da capital paulista, que também é uma sociedade de economia mista.


A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que a Empresa de Transporte de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) não tem poder para aplicar multas de trânsito na capital mineira. A Turma deu provimento ao recurso especial do Ministério Público de Minas Gerais. O julgamento foi concluído terça-feira (10) com a apresentação do voto do ministro Herman Benjamim. O ministro observou que as sociedades de economia mista tem fins empresariais e servem para desempenhar atividade de natureza econômica. “Nesse aspecto, é temerário afirmar que o trânsito de uma metrópole pode ser considerado atividade econômica ou empreendimento”, sustentou.

Por essa razão, Herman Benjamim seguiu o voto do relator, ministro Mauro Campbell Marques, no sentido de considerar impossível a transferência do poder de polícia para à sociedade de economia mista, que é o caso da BHTrans. Todos os demais ministros da Segunda Turma acompanharam essa tese. A decisão do STJ reforma o acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ/MG), que havia decidido que a BHTrans, criada com o objetivo de gerenciar o trânsito de Belo Horizonte, teria competência para aplicar multa aos infratores de trânsito, nos termos do artigo 24 do Código Nacional de Trânsito.

A decisão abre um precedente que pode chegar a São Paulo, uma vez que o mesmo entendimento aplicado pelo STJ a BHTrans também pode ser aplicado à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A CET também é uma sociedade de economia mista, conforme estabelece seu estatuto social, no artigo 1°: “A Companhia de Engenharia de Tráfego é uma sociedade por ações, de economia mista, que se regerá por estatuto e pela legislação que lhe for aplicável”. Desta forma, os motoristas da capital paulista poderão discutir judicialmente a validade das multas que lhes forem aplicadas, já que, segundo o STJ, empresas de economia mista, como a CET, não tem competência para aplicar multa aos infratores de trânsito.

Fonte: Carta Maior

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

FEAR FACTORY vem pela primeira vez ao Brasil


Continuando com a enxurrada de boas atrações gringas pousando aqui na terra brasilis, os norte-americanos do Fear Factory, farão um show no Brasil em 04/12/09, no espaço Lux, em São Bernardo do Campo/SP. Fundado há 20 anos, o Fear Factory é um dos responsáveis pela fusão do Death Metal com o Metal Industrial.

Com uma discografia respeitável, a banda passou os últimos 4 anos sem nenhum lançamento, o que acabou gerando rumores sobre o fim da banda, principalmente após a saída de alguns membros. Mas, para a nossa sorte, eles seguem firmes no cenário metal mundial, e em breve devem finalizar seu mais recente trabalho, que deve ser lançado só em 2010.

Para o show no Brasil o Fear Factory terá apenas dois de seus integrantes originais: Burton C. Bell (vocal), Dino Cazares (guitarra, BRUJERIA, ASESINO, EXCRUCIATING TERROR), Byron Stroud (baixo, STRAPPING YOUNG LAD e ZIMMER'S HOLE) e Gene Hoglan (bateria, STRAPPING YOUNG LAD, DARK ANGEL, DEATH, TESTAMENT e outros). Abaixo o serviço completo e uma música da banda em seu auge.

Serviço - Fear Factory:
Data: 4 de dezembro (sexta-feira)
Local: Espaço Lux
Endereço: rua Antônio Luís Valério, 93 - Centro, São Bernardo do Campo/SP
Fones: (11) 4339-4903 / 4339-3613
Preço de ingresso: R$ 80
Ingressos à venda nas lojas Mutilation e Consulado do Rock – Galeria do Rock (Rua 24 de maio, 62 – Centro/SP) –, Lojas Reference Music Teodoro Sampaio e ABC, no Espaço Lux e pela internet através da Ticket Brasil (www.ticketbrasil.com.br)
Abertura: 20h
Censura: 16 Anos




Fonte: Whiplash.net, Fear Factory Official, Espaço Lux e Ticket Brasil

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Morre aos 100 anos o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss

03/11/2009

Pesquisador deu aulas nos primeiros anos da USP e iniciou os estudos que o tornariam famoso no Brasil



SÃO PAULO - O antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss morreu aos 100 anos de idade. Lévi-Strauss lecionou na Universidade de São Paulo nos anos 30. Aqui, realizou seus primeiros estudos de etnologia entre populações indígenas, trabalho que desenvolveu ao longo da vida e que o transformou num clássico obrigatório das ciências humanas.

A USP divulgou nota lamentando a morte do antropólogo: "Estudou na Universidade de Paris e demonstrou verdadeira paixão pelo Brasil, conforme registrado em sua obra de sucesso 'Tristes Trópicos', em que conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do país. Lévi-Strauss completaria 101 anos no fim deste mês".

A França reagiu emocionalmente a sua morte, com o presidente francês Nicolas Sarkozy se juntando a oficiais do governo e políticos em tributos ao antropólogo. O ministro do Exterior, Bernard Kouchner, elogiou sua ênfase em um diálogo entre culturas e disse que o país perdeu um "visionário". Sarkozy honrou o "humanista incansável".

A Academia Francesa disse que planeja um tributo ainda nesta semana. Com um programa de filmes, leituras e reflexões sobre sua contribuição ao pensamento moderno. A editora informou apenas sobre a morte de Lévi-Strauss sem dar mais detalhes sobre as causas ou o lugar onde aconteceu. No entanto, de acordo com colegas da Escola de Estudos Sociais, Lévi-Strauss morreu na madrugada do domingo.

Lévi-Strauss foi reconhecido no mundo todo por ter reestruturado a antropologia, introduzindo novos conceitos em padrões de comportamento e relacionamento especialmente através de mitos, em sociedades primitivas e modernas. Durante sua carreira de seis décadas, ele escreveu livros como "Saudades do Brasil" e "O cru e o cozido".

Foi com "Tristes Trópicos", de 1955, que o antropólogo alcançou a fama: um relato do período em que viveu no Brasil entre 1935 e 1939, bem como das expedições que fez ao norte do Paraná, Mato Grosso e Goiás, onde conviveu com tribos indígenas. O livro é considerado um dos mais importantes do Século 20.

Lévi-Strauss, que teria completado 101 anos em 28 de novembro, influenciou de maneira decisiva a filosofia, a sociologia, a história e a teoria da literatura.

Devido à avançada idade, no ano passado, ele não participou pessoalmente dos atos comemorativos de seu centenário. Apesar de tudo, responsáveis do museu Quai Branly, onde há um auditório com o nome do antropólogo, disseram então que o intelectual se mantinha lúcido e em bom estado de saúde.

Apesar de sua longevidade e intensa atividade intelectual desde antes da 2ª Guerra Mundial, Lévi-Strauss, membro da Academia da França desde 1973, goza de boa saúde e se mantém lúcido, como relatou à imprensa Stéphane Martin, diretor do museu Quai Branly de Paris, instituição que abriga um teatro com o nome do célebre antropólogo.

Francês nascido em Bruxelas em 1908, o autor de "Tristes Trópicos" trabalhou como professor na Universidade de São Paulo e na New School for Social Research de Nova York, antes de ser diretor associado do Museu do Homem de Paris e de lecionar no Collège de France até sua aposentadoria, em 1982.

Discípulo intelectual de Émile Durkheim e de Marcel Mauss, e interessado pela obra de Karl Marx, pela psicanálise de Sigmund Freud, pela lingustica de Ferdinand de Saussure e Roman Jakobson, pelo formalismo de Vladimir Propp, entre outros, era também um apaixonado pela música, geologia, botânica e astronomia.

O autor de Mitológicas lecionou como professor desta última disciplina até receber um convite de Marcel Mauss, pai da etnologia francesa, para ingressar no recém-criado departamento de etnografia.

Foi assim que despertou em Lévi-Strauss a curiosidade por um campo do conhecimento no qual desenvolveria uma brilhante carreira e que lhe concedeu um "lugar proeminente entre os pesquisadores do século 20", explicou à Agência Efe o professor de Antropologia Social da Universidade Complutense de Madri, Rafael Díaz Maderuelo.

Sua nova vocação o levou a aceitar um posto como professor visitante na Universidade São Paulo (USP), de 1935 a 1939, estadia que lhe possibilitou realizar trabalhos de campo no Mato Grosso e na Amazônia.

Ali teve estadias esporádicas entre os índios bororós, nambikwaras e tupis-kawahib, experiências que o orientaram definitivamente como profissional de antropologia, campo no qual seu trabalho ainda hoje "continua sendo válido para a maioria dos antropólogos", declarou Díaz Maderuelo sobre o autor de O Pensamento Selvagem.

Após retornar à França, em 1942, mudou-se para os Estados Unidos como professor visitante na New School for Social Research, de Nova York, antes de uma breve passagem pela embaixada francesa em Washington como adido cultural.

Imagem do livro "Saudades do Brasil". Foto: Reprodução


Novamente em Paris, foi nomeado diretor associado do Museu do Homem e se tornou depois diretor de estudos na École Pratique des Hautes Études, entre 1950 e 1974, trabalho que combinou com seu ensino de antropologia social no Collège de France, até sua aposentadoria em 1982, quando dirigia o Laboratório de Antropologia Social.


Discípulo intelectual de Émile Durkheim e de Marcel Mauss, além de interessado pela obra de Karl Marx, pela psicanálise de Sigmund Freud, pela lingüística de Ferdinand Saussure e Roman Jakobson, pelo formalismo de Vladimir Propp etc., é ainda um apaixonado por música, geologia, botânica e astronomia.


As contribuições mais decisivas do trabalho de Lévi-Strauss podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos.


O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss. Foto: Reprodução


A teoria das estruturas elementares defende que o parentesco tem mais relação com a aliança entre duas famílias por casamento respectivo entre seus membros que, como sustentavam alguns antropólogos britânicos, com a ascendência de um antepassado comum.


Para Lévi-Strauss, não existe uma "diferença significativa entre o pensamento primitivo e o civilizado", declarou Díaz Maderuelo, pois a mente humana "organiza o conhecimento em processos binários e opostos que se organizam de acordo com a lógica" e "tanto o mito como a ciência estão estruturados por pares de opostos relacionados logicamente".


Compartilham, portanto, a mesma estrutura, só que aplicada a diferentes coisas.

A respeito dos mitos, o intelectual sustenta, desde a reflexão sobre o tabu do incesto, que o impulso sexual pode ser regulado graças à cultura.


"O homem não mantém relações indiscriminadas, mas as pensa previamente para distinguir-las. Desde este momento perdeu sua natureza animal e se transformou em um ser cultural", comentou Díaz Maderuelo.


Para Lévi-Strauss, as estruturas não são realidades concretas, estando mais próximas a modelos cognitivos da realidade que servem ao homem em sua vida cotidiana.


As regras pelas quais as unidades da cultura se combinam não são produto da invenção humana e a passagem do animal natural ao animal cultural - através da aquisição da linguagem, da preparação dos alimentos, da formação de relações sociais, etc - segue leis já determinadas por sua estrutura biológica.


Obras Fundamentais


TRISTES TRÓPICOS: Mais que um livro de viagem, é um clássico da etnologia (1955). Além de trazer detalhes pitorescos das sociedades indígenas do Brasil, o livro discute as relações entre Velho e Novo Mundo e o significado da civilização e do progresso. Lévi-Strauss desloca parâmetros consagrados e questiona viajantes e cientistas. O mundo dos cadiuéus, bororos, nhambiquaras e dos tupi-cavaíbas revelam seus próprios estilos e linguagens.


ANTROPOLOGIA ESTRUTURAL: Publicada em 1958, a obra reúne artigos que propõem um empréstimo das teorias estruturalistas de Roman Jakobson, lingüista que Lévi-Strauss conheceu nos EUA, para renovar o método antropológico. Ela se divide em cinco partes: Linguagem e parentesco; Organização social; Magia e religião; Arte; e Problemas de método e de ensino. A obra será lançada pela Cosac Naify no dia 11.


O SUPLÍCIO DO PAPAI NOEL: A Cosac Naify lança, também no dia 11, O Suplício do Papai Noel, ensaio de 1952. Lévi-Strauss parte da queima de um boneco de Papai Noel em Dijon, França, em 1951, para analisar, por meio da antropologia estrutural, o significado das festas de fim de ano, a comercialização das datas tradicionais e a influência norte-americana nesse processo.


MITOLÓGICAS: Composta por quatro obras - O Cru e o Cozido (1964), Do Mel às Cinzas (1967), A Origem dos Modos à Mesa (1968) e O Homem Nu (1971) - a série analisa 813 mitos de diferentes povos indígenas do continente americano.


DE PERTO E DE LONGE: Em entrevista para o filósofo Didier Eribon em 1988, o antropólogo faz um balanço sobre sua história pessoal, formação intelectual e conceitos-chave de sua teoria.


HISTÓRIA DE LINCE: Segundo Lévi-Strauss, essa obra (1991) é a última incursão pela mitologia americana. Questões presentes em sua produção de mitólogo são retomadas e esclarecidas.


SAUDADES DO BRASIL: Obra de 1994 reúne fotografias feitas entre 1935 e 1939. Lévi-Strauss se deu conta de que poderia descrevê-las, localizando-as no tempo e no espaço, com auxílio da memória afetiva. Saudades de São Paulo, de 1996, também tem um depoimento em que se revisitam imagens de uma cidade onde o gado convivia com carros e bondes.


OLHAR, ESCUTAR, LER: De 1993, é escrita em tom de conversa, inteiramente dedicada à arte.


O PENSAMENTO SELVAGEM: No livro, de 1962, ele focaliza um traço universal do espírito humano - o pensamento selvagem que se desenvolve tanto no homem antigo como no contemporâneo.


Fonte: Estadão Online