Depois de anos de sua mãe dizendo para desligar a música e proteger seus ouvidos, finalmente há uma evidência científica, de que a música pode ser boa para a sua audição.
Nova pesquisa revela que os músicos podem pegar os sons da fala de maneira muito mais relevante em um ambiente barulhento muito melhor do que não-músicos, o que sugere que o treinamento musical ajuda pessoas a ouvir melhor em condições como um restaurante ou uma sala cheia de gente.
"Ouvir em ambientes barulhentos é um desafio para todos, mas é um desafio especial para os idosos e as crianças com dificuldades de aprendizagem", disse Nina Kraus, neurocientista da Universidade Northwestern, e co-autora do trabalho publicado este mês na revista Ear And Hearing. "Se pudermos criar uma experiência musical que possa ajudar a percepção da fala em ruído, isso tudo criará provocações implicativas em termos de encorajar políticas e famílias a darem educação musical para suas crianças".
Kraus e colaboradores compararam o desempenho de 16 músicos e 15 não-músicos em dois testes de percepção de fala em ambientes com ruído. Nos dois experimentos, os participantes tiveram que escutar frases simples em condições barulhentas e repetir o que ouviram. Ao ajustar o nível do ruído de fundo e contando o número de palavras corretamente repetidas ou sentenças, os pesquisadores calcularam um nível de escuta para cada pessoa.
Em dois testes, os músicos superaram os não-músicos e também mostraram melhor trabalho de memória. "A extensão da experiência musical também importava", disse Kraus. "Quanto mais cedo você começar e mais anos estiver praticando, melhor será sua percepção em ambientes barulhentos".
Pesquisas anteriores sobre os efeitos do treinamento musical no cérebro sugerem que a música melhora as regiões do cérebro responsáveis pela codificação e processamento de som, inclusive em áreas do cortex cerebral e o tronco encefálico. Treinar o cérebro a ouvir e compreender a música também melhora a capacidade de ouvir e entender a fala, disse Kraus, e faz sentido que os efeitos sejam particularmente percebidos em condições com ruído de fundo elevado.
"Você tem uma orquestra ou uma banda, e você está tentando ouvir o som do seu próprio instrumento, ou tentando tirar uma melodia ou linha de baixo", disse Kraus. "Há uma analogia em ouvir conversas em ambiente com ruído, onde o que você está tentando fazer é retirar um sinal - a voz do narrador - a partir dos muitos sons que estão acontecendo ao seu redor."
Até agora, os pesquisadores observaram somente jovens com audição normal, e os músicos que participaram da pesquisa, todos tinham começado o estudo musical antes dos 7 anos e tinham tocado de forma consistente, por pelo menos, 10 anos.
"Com base neste estudo, não fica claro se os indivíduos que adquirem habilidades musicais mais tarde na vida, também mostram maior capacidade de percepção de conversa em ambiente barulhento", disse o neurocientista Tony Shahin, da Ohio State University, que não estava envolvido no estudo. Os benefícios da aquisição de habilidades de audição musical podem depender de idades com períodos mais sensíveis, disse ele, e determinar a idade de corte exigiria novas pesquisas.
Os pesquisadores pretendem começar esses tipos de estudos apenas em um futuro próximo. Kraus quer descobrir o quanto a formação musical é necessária para obter um benefício de audição, bem como se diferentes instrumentos fornecem diferentes tipos de vantagens. "Meu palpite é que os efeitos são muito generalizados através dos instrumentos", disse ela, "mas pode ser que alguns aspectos sejam reforçados em músicos de um determinado instrumento."
Kraus espera que as experiências futuras demonstrem, que mesmo pequenas quantidades de formação musical podem proporcionar um benefício para os adultos que têm problemas de audição em condições clamorosas.
"Os adultos mais velhos realmente devem fazer a experiência da dificuldade de ouvir a fala em ambiente barulhento, antes que haja uma perda auditiva", disse Kraus, "muitas vezes, dizendo: 'Eu posso ouvi-lo, mas eu não consigo entender o que está dizendo.' Não seria bom se pudéssemos realmente estabelecer que a formação musical, pode ajudar a proteger os adultos mais velhos contra os efeitos deletérios que parecem acompanhar o envelhecimento?"
Tradução livre: Rubão Almeida
Fonte desta matéria: Wired Science
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